Sabemos que toda mudança é traumática, só varia de intensidade. Mudanças organizacionais não são diferentes. Quando uma Organização decide promover uma mudança em sua cultura, ou nos seus processos ou mesmo, e apenas, em seu modelo organizacional, seus níveis hierárquicos ou nas suas relações de comando e autoridade, o caos se instala em seu interior de tal maneira que se a mudança desejada não for bem planejada e gerenciada durante sua execução, seus objetivos serão comprometidos e, possivelmente, ocorrerão perdas de talentos e, consequentemente, de conhecimentos duramente adquiridos ao longo dos anos.
Neste artigo vamos tratar do GERENCIAMENTO DA MUDANÇA, uma atividade muitas vezes relegada a um segundo plano ou mesmo não praticada, visto que exige foco, persistência, negociações e resiliência por parte do responsável pela mudança.
Conceituamos aqui, resiliência como sendo a capacidade de superar as dificuldades técnicas, administrativas, financeiras e físicas que surgirão ao longo do caminho para se implantar o novo padrão desejado e, principalmente, capacidade de transpor os mais diferentes obstáculos invisíveis levantados contra a mudança por aqueles que terão sua “zona de conforto” afetada.
Dentro deste cenário de dificuldades e obstáculos a serem enfrentados durante o processo de mudança, entendemos que o sucesso deste e, consequentemente, o atingimento dos objetivos colimados com a eficiência necessária e com a eficácia desejada será o resultado da soma de alguns fatores primordiais, a saber: MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, CONHECIMENTO, COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO.
Nos parágrafos seguintes explicaremos o nosso entendimento sobre cada um dos fatores acima mencionados como sendo primordiais para o sucesso da mudança:
Motivação é o fator básico; pois, sabemos que sem motivação não se sai de lugar nenhum e não se chega a lugar algum. As condições mínimas de motivação já deverão estar presentes desde o início e nascerem na expectativa positiva pela mudança gerada nas etapas de definição e elaboração do projeto e alimentada no decorrer do tempo que anteceder o momento de sua implementação.
Liderança é um fator fundamental para se manter o rumo e ditar o ritmo em busca dos objetivos planejados. A liderança deverá ser reconhecida nas posturas, nos discursos e nas atitudes dos dirigentes da Organização e igualmente exercida pelos demais executivos e gestores de áreas e setores que deverão conduzir com vigor, dedicação e objetividade o processo de mudança nos âmbitos tático e operacional.
Entendemos que o Conhecimento, outro fator relevante para o sucesso do processo de Mudanças, deve ser bem explorado por meio do uso de ferramentas típicas de compartilhamento do conhecimento, tais como: reuniões, palestras, workshops, cursos e outras técnicas de ensino-aprendizagem, visto que nem todos colaboradores participam do planejamento nem dos primeiros passos da mudança e, portanto, para se engajarem e se comprometerem com esta, devem aprender o máximo sobre a mesma e nada melhor do que aprenderem participando, ouvindo, estudando e praticando.
Sob este prisma, ações de treinamento do quadro de pessoal para atuar de acordo com novas formas de trabalho e novos modelos de gestão, resultantes do processo de mudança, ganham relevância; pois, com certeza contribuem de forma substancial para que as dificuldades e obstáculos iniciais sejam facilmente superados na medida em que novos conhecimentos forem sendo absorvidos, fazendo com que dúvidas e temores iniciais sejam superados por certezas e o entendimento claro do que a Organização deseja e dos objetivos a serem atingidos com a mudança em curso.
Para nós, a Comunicação é vital para manutenção da motivação, compreensão e comprometimento das pessoas com os processos de mudanças internas pelas quais passam as Organizações. Por isso, compete à Direção da Organização suprir de informações sobre o progresso do projeto a todos seus colaboradores por meio dos integrantes da equipe de condução do processo de mudança. Tais informações deverão ser divulgadas através dos canais disponíveis para a comunicação corporativa interna de forma que alcancem todos os membros da comunidade organizacional.
Por fim, mas não de menor importância, salientamos que o fator Relacionamento também é de suma importância para o sucesso da mudança; pois, por meio do relacionamento as pessoas se integram, se apoiam mutuamente, trocam conhecimentos e experiências, desenvolvem novas visões sobre a transformação em curso e somam as forças individuais de forma sinérgica construindo as bases efetivas da mudança.
São estes, a nosso ver, os fatores que concorrem diretamente para o sucesso de um processo de MUDANÇA em uma Organização, sendo que a ausência de algum deles pode comprometer todo o esforço de planejamento e os investimentos físicos e financeiros destinados à execução dos planos elaborados.
Sérgio Lopes:
Mestre (Metodista) e graduado em Administração (USP), experiência profissional de 50 anos, ocupou cargos executivos nas áreas de Organização, Sistemas e Tecnologia da Informação em empresas de diferentes portes e segmentos econômicos, sendo que nos últimos 38 anos tem atuado como Educador em cursos de capacitação profissional e superiores, de graduação e pós-graduação e como Consultor Empresarial com foco em
Qualidade, Organização e Planejamento Empresarial, Gestão de Mudanças e Recursos Humanos. Palestrante e Autor de artigos sobre gestão de mudanças, empresas e pessoas, publicados em jornais, revistas e sites da Internet. Membro do Grupo de Excelência em Ética e Sustentabilidade do CRA/SP. Participa de ações de voluntariado junto a Instituições de Ensino Superior e Entidades de Classe.