Todo mundo sabe que a corrupção infelizmente é um fenômeno global que atinge todos os países do mundo, sejam eles desenvolvidos, subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e provoca sérias consequências ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social destes.
Porém, muita gente ainda não sabe as consequências que os atos de corrupção podem representar para as empresas. Isto porque, além das multas milionárias que as corporações estão sujeitas, inclusive pelo descumprimento de legislações anticorrupção estrangeiras (em alguns casos), como a Foreign Corrupt Practices Act – FCPA e a United Kingdom Bribery Act – UKBA, as empresas poderão sofrer diversas outras consequências direitas e indiretas, conforme veremos abaixo.
Dessa forma, inicialmente podemos observar que uma das consequências bastante prejudiciais às empresas é o enorme dano reputacional que estas estão sujeitas pelo envolvimento em escândalos de corrupção, o que refletirá diretamente em seus valores e suas receitas.
Em relação a este ponto, diversos exemplos podem ser observados pelos desfechos da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro já ocorrida no Brasil, a Operação Lava Jato, onde grandes empreiteiras brasileiras se viram obrigadas a vender ativos, demitir milhares de funcionários e pedir recuperação judicial para conseguirem se manter no mercado.
Ademais, podemos verificar que essas empresas ainda hoje encontram enormes dificuldades financeiras e lutam para recuperar a credibilidade tanto no mercado interno quanto no externo.
Outra consequência que merece destaque refere-se às mudanças legislativas. Neste aspecto, observa-se que leis são criadas e alteradas a fim de possibilitar um maior controle no combate e na prevenção à corrupção. Como exemplo, podemos citar a legislação anticorrupção brasileira – Lei nº 12.846/2013 e a Lei nº 12.683/2012, que veio para tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro.
Além disso, o envolvimento em atos de corrupção poderá refletir na redução do Retorno sobre o Investimento, também conhecido como “ROI”, do inglês Return on Investment, que é um indicador bastante eficaz no que concerne ao cálculo do retorno de uma aplicação e que certamente será analisado quando investidores forem avaliar se vale a pena investir ou não em determinada empresa.
Falando em investidores, se a sua empresa estiver envolvida em escândalos de corrupção, isso muito provavelmente levará à perda da confiança destes, desencorajando e desestimulando possíveis investimentos que seriam feitos caso sua empresa fosse considerada idônea, ou seja, livre de envolvimento em atos de corrupção.
De todo modo, insta salientar ainda que a corrupção pode ocorrer tanto na esfera pública quanto na privada e que esta apresenta diversas consequências indiretas, que vão muito além do “simples ato de corrupção” praticado.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, são consideradas consequências indiretas da corrupção, entre outras: i) o aumento da desigualdade social; ii) o enfraquecimento das instituições públicas e; iii) a diminuição da confiança dos cidadãos em seu governo, provocando a redução de incentivos para a inovação.
Por todo o exposto, podemos concluir que a corrupção representa um custo bastante elevado, pois provoca sérias consequências ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social dos países, retirando investimentos que poderiam estar sendo realizados na saúde, educação, segurança, cultura e em diversas outras áreas bastante necessitadas.
Além disso, no que concerne às empresas, conclui-se que não obstante todas as sanções administrativas e judiciais a que estas estão sujeitas pelo cometimento de atos de corrupção, as organizações ainda poderão sofrer graves danos à sua imagem e reputação, além da possível perda da confiança dos investidores e da redução do Retorno sobre o Investimento, o que demonstra ser cada vez mais importante e necessária a implementação de um Programa de Compliance robusto e efetivo nas empresas.